quarta-feira, 11 de maio de 2016

Beith - Bétula por Osvaldo R Feres

Beith por Osvaldo R Feres



Beith é a primeira letra do alfabeto Ogham e está associado à Bétula.
Na mitologia gaélica, Ogma, o criador do Ogham, gravou sete vezes a letra Beith em um ramo de bétula como mensagem ao deus Lugh, avisando-o que sua esposa, Ethliu, seria raptada ao mundo das Fadas “tua esposa será sete vezes levada de ti para o País das Fadas, a menos que a bétula proteja-a.” portanto, beith é uma letra que denota um aviso que está para chegar, um alerta ou uma mensagem.
A Palavra Ogham de Morann Mac Main diz: “Tronco rugoso e cabelos finos” e a Palavra Ogham de Mac ind Óic diz: “A mais prateada das peles”. Essas palavras fazem referência ao Sídhe, ou seja, o País das Fadas e seus habitantes etéricos. O Ramo de Prata, uma referência ao galho da bétula, está associado ao deus dos mares e névoas Manannan Mac Lir, normalmente esse ramo é descrito como de macieira, pois em sua ponta há maçãs douradas e daria acesso ao Outro Mundo dos celtas, mas, como vimos a bétula é descrita como a árvore prateada.
A cor associada ao fíd Beith é Bán, ou seja, branco e representa a pureza, a divindade e a purificação. Na mitologia celta a cor branca estava associada aos deuses e fadas, sendo que a palavra Finn em gaélico e Gwen em galês significa tanto branco como divino e encontramos essas palavras em nomes de algumas divindades e heróis celtas.
Como beith está associada à purificação, não podemos deixar de citar o festival celta da purificação, o Imbolc. Esse festival, que acontece no dia 01 de Fevereiro, marca o início da Primavera e seu correspondente galês é Gŵyl Fair y Canhwyllau (festa das velas de Maria). É um festival em honra à deusa ou santa Brighid, onde o fogo, símbolo da deusa, e a purificação tinham papel importante nos rituais. Uma possível origem da palavra Imbolc seria “limpar, purificar” e era também o período da lactação das ovelhas e vacas, sendo que o leite era um elemento associado à purificação, talvez por sua cor branca.
A deusa Brighid, talvez uma das mais importantes do panteão celta irlandês, é filha do Dagda, o Bom Deus, e é a deusa patrona da poesia, medicina e artes em geral, acredita-se que sua correspondente seja a deusa galo-romana Brigantia, adorada na Britânia, Gália e Celtibéria. Seu nome advêm de um radical proto indo-europeu que significa “A Elevada” e talvez seja a mesma deusa que César chama de Minerva, associada às artes. Segundo o Glossário de Cormac, Brighid é “a deusa em que os poetas adoram” e possuía duas irmãs, a ferreira e a curandeira, todas essas funções estão associadas ao poder positivo do fogo, ou seja, o fogo da cabeça que concede a inspiração aos poetas, o fogo da purificação que traz a cura e o fogo da forja que transforma e cria.

S. Bridget por John Duncan 

Na Escócia, a cruz de Brighid, um símbolo do fogo, era confeccionada com ramos de bétula. Também era costume utilizar uma vassoura das folhas de bétula para limpeza ritual e sua madeira era comumente utilizada para rituais de proteção e exorcismo. O bosque de bétulas era a morada do duende escocês Ghillie Dhu.
Segundo o Bardo Taliesin, em seu poema A Batalha das Árvores, a Bétula é descrita da seguinte forma:
A Bétula, apesar de sua mente elevada,
Atrasou-se antes que ele (o tojo) fosse enfileirado.
Não por causa de sua covardia,
Mas por causa de sua grandeza.

Bosque de Bétulas

Significado oracular:

Beith, o primeiro fíd, significa purificação, limpeza, novidades, notícias, mensagens, alertas, eloquência e livrar-se do que é velho e o impede de prosseguir. É o renascimento e o recomeço de uma situação, denota um novo projeto ou uma nova fase na vida do consultante.
Quando esse fíd sai em uma jogada pode significar um período de provação, dor ou sofrimento, pois, isso faz parte do processo de purificação que o consultante está por passar. O desafio é sair da zona de conforto e abraçar o novo.
Em uma visão mais esotérica, representa contatos com Fadas e seres divinos, assim como, mensagens do Outro Mundo. Não é descartado a possibilidade de perigo envolvendo o Sídhe, pois é um fíd de alerta e atenção. Também representa a chegada da primavera e o florescer de uma nova fase. 


Referências bibliográficas:

Livros:
BARROS, Maria Nazareth Alvim de. Uma luz sobre Avalon, celtas & druidas. Editora Mercuryo, 1994.
CHEVALIER, Jean; GHEERBRANT, Alain. Dicionário de Símbolos. Editora José Olympio, 2012.
GRAVES, Robert. A Deusa Branca: Uma gramática histórica do Mito Poético. Editora Bertrand Brasil, 2003.
KELLY, Michael. The Book of Ogham. Ebook edition: CreateSpace Independent Publishing Platform, 2014.
KONDRATIEV, Alexei. Rituales Celtas. Editorial Kier, 2001.
LAURIE, Erynn Rowan. Ogam: Weaving Word Wisdom. Megalithica Books, 2007.
MARKALE, Jean. Merlim, o Mago. Editora Paz e Terra, 1989.
MATSON, Gienna; ROBERTS, Jeremy. Celtic Mythology A to Z. Chelsea House, 2010.
MATTHEWS, John. À mesa do Santo Graal. Edições Siciliano, 1989.
MATTHEWS, John. Xamanismo Celta. Hi-Brasil Editora, 2002.
MONAGHAN, Patricia. The Encyclopedia of Celtic Mythology and Folkore. Facts On File, 2004.
MUELLER, Mickie. Voice of the Trees. Llewellyn Publications, 2011.
MURRAY, Liz e Colin. The Celtic Tree Oracle, a system of divination. Connections Book Publishing, 2014.
RUTHERFORD, Ward. Os Druidas. Editora Mercuryo, 1994.
SQUIRE, Charles. Mitos e Lendas Celtas. Editora Record, 2003.

Sites:
http://www.maryjones.us/ctexts/ogham.html
http://www.maryjones.us/jce/jce_index.html



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